Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que 278.299 focos de incêndios florestais foram contabilizados no Brasil em 2024. As chamas se espalharam pelos principais ecossistemas brasileiros, causando a destruição da vegetação nativa, morte de espécies animais e problemas de saúde para a população dos estados atingidos. De acordo com a Polícia Federal a maior parte é considerada de origem criminosa e que, portanto, deve ser investigada e punida.
Historicamente no Brasil, a concentração de terras nas mãos de uma pequena minoria, como é o caso da Lei de Terras de 1850, fez com que o Estado ficasse refém de uma elite agrária que sempre impõe seus interesses acima do bem comum, acarretando pouca fiscalização e quase nenhuma punição para os crimes cometidos.
Nesse sentido, muitos latifundiários acreditam que podem violar impunemente a Legislação Ambiental Brasileira, sob o pretexto da produção agrícola, ou seja, que “para plantar é necessário queimar”.
Entretanto, com as mudanças climáticas geradas pela ação humana que desde a Revolução Industrial no século XVIII, as temperaturas vêm aumentando consideravelmente, pelo menos 1 ºC, de acordo com o IPCC, ocasionadas pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento.
Os ecossistemas, por sua vez, perdem a capacidade de se adaptarem à velocidade do aumento da temperatura. Os biomas ficam instáveis e a fauna e flora entram em processo de extinção. A vegetação fragilizada permanece seca por mais tempo, o que demonstra o perigo de atear fogo indiscriminadamente.
Assim, é necessário além de uma fiscalização mais rígida e punição exemplar para os criminosos, que o Estado, por meio da colaboração entre o Ministério da Educação e do Meio Ambiente, deve investir na construção de escolas agrícolas populares nas comunidades rurais, assim como oferecer um sistema de crédito para os produtores orgânicos certificados, ações que visam substituir a prática arcaica das queimadas por novas formas de produção agrícola baseadas na agroecologia e na permacultura para que o país caminhe para o desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
Fábio Gomes
Professor de Geografia
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