terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Campo com vida é ter na mesa comida


Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revelam que 278.299 focos de incêndios florestais foram contabilizados no Brasil em 2024. As chamas se espalharam pelos principais ecossistemas brasileiros, causando a destruição da vegetação nativa, morte de espécies animais e problemas de saúde para a população dos estados atingidos. De acordo com a Polícia Federal a maior parte é considerada de origem criminosa e que, portanto, deve ser investigada e punida.

Historicamente no Brasil, a concentração de terras nas mãos de uma pequena minoria, como é o caso da Lei de Terras de 1850, fez com que o Estado ficasse refém de uma elite agrária que sempre impõe seus interesses acima do bem comum, acarretando pouca fiscalização e quase nenhuma punição para os crimes cometidos.

Nesse sentido, muitos latifundiários acreditam que podem violar impunemente a Legislação Ambiental Brasileira, sob o pretexto da produção agrícola, ou seja, que “para plantar é necessário queimar”.

Entretanto, com as mudanças climáticas geradas pela ação humana que desde a Revolução Industrial no século XVIII, as temperaturas vêm aumentando consideravelmente, pelo menos 1 ºC, de acordo com o IPCC, ocasionadas pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento.

Os ecossistemas, por sua vez, perdem a capacidade de se adaptarem à velocidade do aumento da temperatura. Os biomas ficam instáveis e a fauna e flora entram em processo de extinção. A vegetação fragilizada permanece seca por mais tempo, o que demonstra o perigo de atear fogo indiscriminadamente.

Assim, é necessário além de uma fiscalização mais rígida e punição exemplar para os criminosos, que o Estado, por meio da colaboração entre o Ministério da Educação e do Meio Ambiente, deve investir na construção de escolas agrícolas populares nas comunidades rurais, assim como oferecer um sistema de crédito para os produtores orgânicos certificados, ações que visam substituir a prática arcaica das queimadas por novas formas de produção agrícola baseadas na agroecologia e na permacultura para que o país caminhe para o desenvolvimento verdadeiramente sustentável.


Fábio Gomes

Professor de Geografia

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