Desde a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a dissolução do bloco soviético, em 1991, o mundo passou por mudanças profundas. Ao contrário do que previa Francis Fukuyama, a história não chegou ao fim e os acontecimentos continuam a nos surpreender.
Os avanços tecnológicos nos meios de transporte e de comunicação, em que satélites, cabos de fibra ótica e a internet, passaram a integrar cada vez mais o mundo, o que Milton Santos chamou de Meio Técnico-Científico-Informacional.
Na área econômica, os países buscaram formar parcerias comerciais, formando blocos econômicos como, por exemplo, a União Europeia, que, por meio do Tratado de Maastricht em 1993, estabeleceu um parlamento comum, um banco central e uma moeda única, o euro.
Entretanto, neste bloco há diferentes níveis de integração, tanto entre os países quanto para os seus habitantes nativos e estrangeiros. Apenas 17 países adotaram o euro como moeda nacional, assim como a livre circulação de pessoas não está liberada em todos os países de forma igualitária como no Espaço Schengen, trazendo assim enormes dificuldades para uma verdadeira integração econômica e social, bem como a consolidação e a fiscalização de suas fronteiras.
Entre os fatores que complicam a administração das fronteiras em seu território estão as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, que empurram centenas de milhares de refugiados para a Europa em busca de segurança e qualidade de vida. Para se ter uma ideia, apenas em 2023 contabilizou-se cerca de 385.000 imigrantes irregulares no continente, de acordo com o Parlamento Europeu.
Outro desafio são os movimentos nacionalistas que cobram dos seus governos maior fiscalização das fronteiras, até mesmo a deportação de imigrantes ilegais, culminando muitas vezes em violência xenófoba. Nesse sentido, essas ações de deportação em massa podem gerar uma escassez de empregos com baixa remuneração que os imigrantes assumem, mas que os nativos não querem.
Resta saber até quando a Europa conseguirá se integrar ao mundo e ao mesmo tempo responder aos anseios de suas populações.