CASCUDO, Luís da Câmara Cascudo. Meleagro: pesquisa do Catimbó e notas da magia branca no Brasil. 2ª edição. Editora Agir, Rio de Janeiro, 1978.
Luís da Câmara Cascudo, filho de tradicional família potiguar, nasceu em Natal, em 30 de dezembro de 1898 e faleceu em 30 de julho de 1986. Estudou Humanidades no Colégio Atheneu Norte-Rio-Grandense, cursando posteriormente medicina na Bahia e Rio de Janeiro até o 4º ano, quando desistiu da carreira e ingressou na Faculdade de Direito do Recife, na qual se formou em 1928.
Meleagro é um trabalho no qual Cascudo elabora uma pesquisa científica sobre o Catimbó-Jurema na região do Nordeste brasileiro, região na qual o Catimbó está profundamente enraizado. De acordo com o autor, essa expressão religiosa surge a partir do sincretismo entre a magia europeia, africana e ameríndia, tornando-se popular entre as várias classes sociais em busca de soluções para os seus males.
No livro, a origem da palavra Catimbó é entendida como de origem Tupi e traduzida, grosso modo, como “fumaça de mato”, imagem simbólica que representa bem os rituais descritos na obra. Assim, a cada capítulo, o escritor potiguar vai se aprofundando em cada aspecto do universo catimbozeiro, como suas práticas ritualísticas, uso de ervas e amuletos, trabalhos feitos, entre outros.
O conhecimento do autor sobre as práticas religiosas pagãs na Europa, como na Grécia e Roma Antigas, leva o autor conceber a estreita relação entre a feitiçaria europeia, trazida pelos diferentes “magos e bruxos” chegados em terras de Pindorama, atual Brasil. Esse conhecimento se mesclou com as práticas africanas e indígenas, em que a criatividade e credulidade dos indivíduos reinventam crenças e rituais.
Cascudo também expõe a perseguição policial que muitos mestres de Catimbó sofriam, com apreensão de materiais ou até mesmo a prisão dos catimbozeiros. O Catimbó, com a influência das práticas negras e indígenas, nunca foi visto com bons olhos pela sociedade convencional.
Assim, este livro é uma verdadeira fonte para os que buscam conhecer as práticas do Catimbó e sua riqueza cultural, sua influência na sociedade nordestina e brasileira.
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